«Ia passar fora três semanas, tinha três crónicas para escrever, era tarde, estava estafada e o meu filho mais novo estava a vomitar. Quando encontrava textos de que gostava muito, costumava transcrevê-los tal e qual e guardá-los no computador. Nessa noite abri um óptimo sobre Vaclav Havel, e depois desisti de usá-lo. Devo ter-me enganado quando mandei as crónicas e esse texto seguiu com o resto, logo à cabeça. Consequências? (...) Nunca mais transcrevi textos bonitos para depois os partilhar. Ficou toda a gente a perder».



A Srª. Correia fumando descansada e desalmadamente o seu cigarrinho, espojada no sofá, depois de ter enviado por mail três textos belíssimos traduzidos e preparando-se para ir limpar o vomitado do garoto da carpete
É desta forma maravilhosa, diremos mesmo poética, que nos fez ir às lágrimas, que a Srª Correia justificou ter publicado um texto que não era seu. Há, nestas palavras nobres, uma grandeza de espírito acima de Deus. E o drama que emana dos vómitos do petiz que a terão feito carregar inadvertidamente naquele maldito item do send... Já para não falar do cheiro a vomitado que a terá, por um mero acaso do Destino, obrigado a fazer um attach contra a sua vontade. Ah! Como é lindo o milagre da maternidade! Visualizem a cena: noite cerrada, a Srª Correia com as malas por fazer, os três textos por escrever, as três semanas fora de casa, o filho estragando-lhe o tapete de Arraiolos com golfadas de vómitos a cheirar a hambúrguer e rebuçado de alcaçuz, o texto ali a ser anexado sem querer, um texto tão bonito sobre o Sr. Havel, tão engraçado, uma pena que ninguém saiba ler estrangeiro, é um acto tão alteruista traduzi-lo para o povoléu, OPS!, lá vai o texto, maldita internet, malditos mails, malditos blogues, não é Sr. Tavares?
Ainda bem que há jornais e jornalistas amigos. Ainda bem que podemos escrever uns textinhos (da nossa autoria) a desculparmo-nos, a explicar os vómitos do petiz, a maldade da blogosfera, assim sim, sentimo-nos mais confortados, afinal não foi nada de especial, uma porcaria qualquer estragada que o miúdo terá comido na escola, uma náusea que passa rápido, mas lá foi o texto para a revista, para a gráfica, que ferro!, bem, também não há de ser nada... quanto muito mais uma náusea. E se não querem, não faço mais traduções, nem cópias, nem nada, vocês é que perdem! Cambada de imbecis!
1 comentário:
Vocês andam a brincar com coisas sérias e um destes dias fodo-vos a lombaceira a pauladas!
Miguelzinho das Cópias Tavares
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