domingo, 10 de dezembro de 2006

A NOBREZA DO BARÃO DO TALHO


Para o AMP:

Meu menino, andas catita?

Estava aqui a encasquinar numas coisitas e eis que, de repente, me lembro daquela canção do Paulinho da Viola cantada pelo Chico Buarque e pela Maria Bethânia:
Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... Evocê?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone
- Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!
Ou da outra, do Paulo de Carvalho, cantada a meias com o Tozé-Trinaranjusétãonatural-Brito:-Ela saiu, não sorriu, mal me olhou, mas deixou ficar
O nosso amor pelo chão para eu arrumar
Deixou a dor a correr e a saudade na nossa mesa
Deixou o amor por fazer e a tristeza no ar
-Quando ela entrou, e sorriu-me, e olhou-me, não deixou ficar
O nosso amor pelo chão para eu arrumar
Pôs a ternura a aquecer toda a noite à lareira
Pôs o amor a correr e a alegria no ar, para eu cantar:
-Olá! Tu por aqui?
-Olá... então como vais?
-Tudo vai bem?
-Olha, tudo vai mal para mim.
-Mas tudo vai mal porquê?
-Foi um amor que eu perdi, Ela partiu, eu fiquei... Se a encontrares, diz-lhe que eu estou por aqui
-Se a encontrar, direi.
Fiquei a matutar porque teremos nós, portugueses, a mania que o brasileiro não é para trabalhar e é mais para cantar samba e jogar futebol...Na versão brasileira deste encontro, os pobres mamíferos andam loucos de trabalho e cruzam-se a correr num semáforo fechado, andam a cem, o que dava uma multazinha da nossa diligente bófia aqui na velha capital do império. Na versão portuguesa, lamentam-se de tudo menos de terem muito para fazer. Aliás, lamentam-se mais do que ficou por fazer...
Diria eu, meu menino, que este é um bom tema para entreter as circunvoluções do cérebro de dois desempregados... Não desfazendo.
Vai daí, ZÁS!, faço um blog! Toma lá disto! Não custa nada, é num instante, e sempre a gente dá aqui à taramela, podemos comentar as novidades do Universo, dar umas traulitadas neste e naquele e por aí fora.
Quem diria!? Afinal um blog é utilíssimo. Toda a gente devia ter um. É como ter um cão ou um gato ou um bonsai ou uma colecção de bichos da seda ou um grilo naquelas gaiolas de plástico pequeninas que havia quando éramos miúdos: damos-lhe um osso, uma folhinha de alface e ele vive catita a abanar o rabo (claro que só no caso do cão, o bonsai e o grilo não abanam...). Depois resta limpar a matéria orgânica que larga no passeio, ou seja, raspar metade da merda dos comentários. Até devia existir uma Sociedade Protectora dos Blogs, ou algo do género...
De qualquer forma, voltando à vaca fria (e a vaca também é um animal bastante estimável, em determinadas circunstâncias), há nas duas canções uma carga de lamechice muito razoável. E eu até gosto muito do Chico e do Paulo, que conheço pessoalmente e estimo como pessoas e não só músicos. Por isso, não te «lameches» tu também.Afinal, isto acabou por ser apenas um motivo para a gente combinar a tal cervejinha. Uma daquelas matinais, cheias de gás, servidas entre cascas de tremoço da véspera lá no cafezório à beira do Brisa do Tejo. Já nem me lembro do nome. É grave? Como é que tu dizias? «Vamos lá baixar um bocado o nível»... (?)
Teria sido o local ideal para a tal Carolina apresentar o seu livrinho. Com bagaço em vez de cerveja... Convidava-se o Barão do Talho para servir um pratinho de túbaros de carneiro e viva lá o seu compadre.E era a perfeita «chinfrineira», como diria o velho Eça.Sairiam todos a correr já de grão na asa para pegarem os seus lugares no futuro. No futuro de quê?, não me dizes...
Gostaria de te surpreender aqui com uma bela foto do velho Barão do Talho (que nome nobre, cheio de História!), mas embora investigasse longamente a heráldica da Casa de Sintra não dei sequer com o brasão de tão aristocrática figura. Remediei-me de uma forma bem mais prosaica e popular e desarrinquei o Sr. René e o Sr. Olímpio no seu limpíssimo Talho do Bairro Azul no qual o brilho das lajes do chão reflecte a pureza das bifanas e o requinte do acém...
Segunda já lá vou encomendar umas iscas e uma aba de vitela. Provavelmente dou de caras com o nosso Miguele e Vallle e Figgueireddo (Viconte du Arrondissement Blue) e aproveito para lhe lançar de cernelha:
- Olá, tu por aqui?
O que deve dar motivo para três horas de conversa. A monarquia nunca foi tarefa fácil... Que o diga o nosso Duarte Pio que na mesma semana teve de dar duas entrevistas de estadão a duas revistas concorrentes. Parecia um treinador do Benfica ou do Sporting a dar entrevistas por atacado à Bola e ao Record... Nisso o do Porto tem mais sorte: só precisa de falar para o Jogo...
Olha, vai dando novas.
Deste que te estima...

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas que se passa? De onde vem isto? No que é que o 484 é para aqui chamado? E quem dá autoridade para dizer que «só damos à estampa o que vier assinado e reconhecido»?! Ora, ora... menos tarelo e mais arruaça. «Bairro Azul»....Bardamerda para o Bairro Azul!Vivam os Olivais ( e mesmo assim, os do Sul).

A disse...

Ouve lá ò palhaçómetro! Deixei passar este comentário anónimo só porque és dos Olivais Sul ò babiiclêeem! Mas que isto não se volte a repetir, óvistes? E não voltes a dizer bardamerda neste blog que é mais sério do que uma irmã virgem - e não, não é nenhuma ironia em relação à tua irmã, seu cavalo com arções.
Para a próxima identifica-te. Senão vamos ter nós de te identificar e não vais gostar nada, ò barrasco!